domingo, 12 de março de 2017

Estilos de Aprendizagem - O caminho sensorial da aprendizagem


A maior preocupação de um Educador é a de que o educando possa construir, com sucesso, o seu conhecimento, para tanto, vivemos discutindo e buscando soluções, a cada vez melhores para que se facilite esse processo. Um dos maiores prazeres que temos é o de um dia nos depararmos com um ex-aluno bem sucedido profissionalmente na área que desejou.

Sabemos que cada indivíduo é único geneticamente, o que o faz possuir características muito pessoais, produzidas por seu genótipo. Dentre elas as cognitivas. Dificilmente encontraremos duas pessoas que incluem em seu universo de conhecimento determinado assunto de uma forma idêntica. Se olharmos para nós mesmos e para as pessoas de nossa convivência, perce-bemos, nitidamente, essa diversidade. Uns gostam de ler um livro, uma apostila um paper, jornal, revistas especializadas; outros de assistir a uma aula, uma palestra, um filme; há quem prefira um áudio, uma música enquanto lê, um podcast de uma aula ou palestra; e os que necessitam de uma ação para reforçar o aprendizado, práticas nos conteúdos, experiências, pesquisas, etc... Essas características são conhecidas por Estilos de Aprendizagem.

Destes, há, por sua vez, uma grande diversidade, estudados por vários teóricos das áreas de Educação, Psicologia, Psiquiatria, Fonoaudiologia, Terapia Ocupacional, Programação Neuro-linguística... Neste texto trataremos dos Estilos de Aprendizagem Sensórios, como os chamarei, não que sejam apenas estes que assim possam ser classificados, mas trabalharemos com três grandes grupos deles, os chamados Estilo Visual, Auditivo e Sinestésico, e suas características em relação à aprendizagem.

Estilo de Aprendizagem Visual

Quando o Estilo de Aprendizagem do indivíduo é enfaticamente visual, temos nele uma maior facilidade cognitiva ao montar mapas mentais a partir de conceitos que lhes sejam apresentados em formas gráficas ou icônicas. Os estímulos visuais lhes serão de maior valia que simplesmente ouvir uma aula expositiva ou uma palestra onde o ministrante não utiliza recursos visuais com eficiência. Muitas vezes são usados, mas em um tempo pequeno para o visual perceber a mensagem.

O visual perde a atenção ao assunto apresentado quando há um grande número de estímulos visuais conflitantes, dentro de um conjunto muito extenso de informações recebidas. Desta forma, como a sua capacidade de processamento da informação é feito de forma mais rápida que a dos demais, se sua atenção não for assegurada de forma eficaz, se perde em devaneios, deixando de assimilar o desejado. O que ocorre, também, se o ambiente em que está lhe chame mais a atenção que o objeto de aprendizagem, visto que sua capacidade de percepção o faz atentar ao que está em seu redor, levando-o à dispersão. Sua percepção do ambiente é tão global que é capaz de, olhando o todo, decompô-lo em suas partes, quando lhe for necessário.

Seu momento de estudo deve ser revestido por estímulos visuais, como as vídeo-aulas. Deve procurar montar esquemas, resumos, anotações, tabelas, gráficos, fluxogramas, desenhos. Estes podem ser afixados em locais onde o aprendente tenha contato visual constante, como portas de armários, ou de quartos, papéis de parede de seu computador... Com isso, construir imagens mentais do que está estudando é, posteriormente, reorganizá-la em formas textuais. 

Estilo de Aprendizagem Auditivo

Este trabalha cognitivamente criando histórias com o que está ouvindo. Sendo assim, por ficar muito atento aos sons, é facilmente perturbado por outros sem importância que se tornam, literalmente, ruídos na comunicação com esta pessoa. Outra forma de desviar-lhes a atenção são informações sonoras desconexas e em muita quantidade e velocidade, visto que seu processamento de informações não é tão veloz quanto o do visual. Embora não aparente estar ligado às alterações que estão em seu plano visual, é capaz de discernir todos os sons e tudo o que está sendo falado em sua volta.

Outra característica marcante deste indivíduo diz respeito à sua organização. Mesmo sendo organizado, depende de uma série de instruções passo-a-passo e outras informações para agir. Por terem na linguagem sua maior forma cognitiva, ao estudar repetem para si o que devem aprender.

Gravar aulas, palestras, seminários, ou outros do gênero, podem ser de grande valia para o auditivo na hora de estudar. Fazer resumos e gravá-los para posteriormente ouvi-los é de extrema eficácia, assim como ler os textos a estudar em voz alta, e durante as aulas, ouvir mais que anotar, deixando para fazer os resumos em outro horário, anotando, durante a aula apenas as informações indispensáveis. Uma boa conversa com os colegas sobre a aula ou sobre o conteúdo estudado é um ótimo recurso para este auditivo.

Estilo de Aprendizagem Sinestésica

Por fim, o grupo dos Sinestésicos. Estes são dependentes de experiências motoras, sendo assim, a prática ao estudado lhes é essencial ao aprendizado. Sua atenção é prejudicada quando recebe estímulos áudio-visuais desconexos, pois seu processamento de informações é o mais lento dentre os três grupos. Por essas características, a imobilidade os faz perder parte preciosa de sua capacidade cognitiva, muitas vezes as salas-de-aulas matriciais ou tolhem de aprender, ou os rotula de “perturbador da ordem”, o que, necessariamente, não o é.

Aparentemente disperso das atividades visuais, é absolutamente consciente do ambiente que o circunda, pois tem sua atenção muito focada no “eu”, o que não os faz, necessariamente uma pessoa egocêntrica, mas consciente de seus sentimentos e sensações. Possui um senso organizativo inusitado, é criativo e chega à conclusões, na maioria das vezes, diferente da maioria de seus pares.

Algo que facilita, ao extremo, um sinestésico são os professores com boa movimentação em sala-de-aulas, que inflexionam as palavras com modulação de voz, interpretando o conteúdo explicado. As aulas práticas em laboratórios passam a ser uma ferramenta de grande valor, por lhes ser de fundamental importância a prática do que está aprendendo. 

Quando em momento de estudo solitário, ler em voz alta movimentando-se pelo espaço, que pode ser um quarto, uma sala, ou, até, uma pista de caminhada ou corrida em um parque usando um MP3, MP4, IPod... O importante é que associe movimentos, gestos, inflexões de vozes com o conteúdo estudado, pois quando precisar trazê-los da memória poderá fazê-lo lembrando da situação de aprendizagem.

O ideal é que todos busquem desenvolver em si os três Estilos de Aprendizagem afim de que possam aprender em qualquer situação de construção do conhecimento. E quanto ao docente, que a cada assunto que irá ministrar, que pense em estratégias adequadas à cada Estilo de Aprendizagem que encontrará inerente a cada um de seus aprendentes.

Bons estudos a todos...

Grande abraço,


____________________________________


Milton JB Sobreiro
Licenciado em Ciências Sociais
Especialista em EAD
Designer Instrucional
Educomunicador
Professor na Rede Estadual de São Paulo

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

Teoria da Comunicação: Processo Comunicativo



Parafraseando o publicitário David Ogilvi:

“Comunicação não é o que se diz, mas o que o outro entende”.

Como trabalhar a mensagem para buscar que o outro entenda aquilo que desejamos?

Há na Teoria da Comunicação um esquema que pode ser de grande valia se nos valemos dele para montar nossa estratégia de Comunicação.

Cinco são os elementos básicos da Comunicação, que veremos a seguir.

Emissor: é o ente que deseja transmitir algo a alguém.
Receptor: é o que recebe algo de alguém.
Mensagem: trata-se daquilo que o emissor quer fazer chegar ao receptor.
Código: a forma como é tratada a Mensagem que o emissor quer fazer chegar até o receptor.
Veículo: é o elemento por onde a mensagem codificada trafega do emissor ao receptor.
Feedback: de origem inglesa é usada para a resposta do receptor ao emissor sobre a mensagem.

Depois destas simplórias definições, trataremos com maior clareza o processo, no seu todo.

Quando um emissor deseja enviar uma informação a um receptor, deve atentar aos outros três elementos da Comunicação. Partindo da Mensagem que deseja comunicar, irá escolher o veículo por onde ela trafegará, para depois codificá-la, não apenas com vistas ao repertório simbólico do receptor, mas às características do veículo de comunicação que estará usando. Não poderá passar uma foto pelo telefone, para deixar mais clara a explicação, para tanto, poderia valer-se do correio, enviando a referida fotogra-fia por carta, o que já não seria possível se a mensagem fosse em forma de vídeo, a menos que estivesse em uma mídia física passiva de transporte, o melhor veículo seria a rede mundial de computadores.

Mesmo quando estamos presencialmente com o receptor, precisamos atentar à codificação simbólica utilizada para a comunicação, deve ser de conhecimento dele, afinal, como decodificar algo que não se conheça o código? Oral ou gestual há sempre um grupo de elementos simbólicos pelos quais nos podemos valer para que a mensagem chegue ao receptor de forma eficaz.

Seja como for o processo comunicativo, presencial ou a distância, de forma síncrona ou assíncrona, ele só estará completo após o feedback que o receptor lançar ao emissor, e que será parte de um moto-contínuo de emissão-recepção-feedbak.

____________________________________


Milton JB Sobreiro
Licenciado em Ciências Sociais
Especialista em EAD
Designer Instrucional
Educomunicador
Professor na Rede Estadual de São Paulo

domingo, 22 de janeiro de 2017

Educação Aberta e Democrática

Antes de tudo, sou um Educador.

Um Educador que vive em meio a um processo de transformação nos paradigmas educacionais, influenciados por um mundo Pós-Moderno, onde as negações ao seu predecessor Moderno se fazem em todos os âmbitos dos relacionamentos e realizações humanas.

Neste cenário de constantes rupturas e background caleidoscópico surge uma nova forma de se fazer a antiga Educação a Distância, agora, mãos dadas às Novas Tecnologias da Informação e Comunicação, se faz de modo colaborativo, mediada por computador online, através da rede mundial, a Internet. À esta altura, não podemos mais falar em Educação Presencial ou a Distância, mas em Educação. Não podemos mais conceber uma Educação conservadora, mais que isso, reprodutora da ordem estabelecida pela sociedade dominante sem que se permita aos aprendentes uma formação mais ampla e questionadora.

O novo cidadão precisa estar apto às análises críticas cabíveis com relação ao mundo que o cerca. Em nossa sociedade não há mais lugar para a Educação Bancária, tão criticada por Paulo Freire. Passou da hora de rompermos com o antigo paradigma da sala-de-aulas matricial, dos alunos feitos de meros ouvintes de conteúdos descontextualizados com seu dia-a-dia, perfilados de olho na nuca do colega, muitas vezes impedido de questionar o docente, infelizmente, muitas oriundo de uma má formação acadêmica com raízes fortes na mesma Educação que receberam de seus mestres.

Sonho com uma Educação nova, com novos modelos de ensinagem e aprendizagem, colaborativas entre si, onde tanto professor quanto aluno estejam imersos em um mesmo ambiente multifacetado de recursos de construção do conhecimento. É neste sentido que a Educação Mediada por Computador Online se apresenta, como uma modalidade de Educação Aberta e Democrática. É para essa Educação que tenho buscado, a cada dia, mais informação e formação, a fim de poder atuar colaborativamente aos colegas Educadores com experiências vividas e construir conhecimento.
______________________________________

Milton JB Sobreiro
Licenciado em Ciências Sociais
Especialista em EAD
Designer Instrucional
Educomunicador
Professor na Rede Estadual de São Paulo

quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Mãe... sobrou peça...

Você já viu acontecer aquela velha história do menino que pega as ferramentas do pai, o eletrodoméstico danificado da mãe e, munido de sua curiosidade, ímpeto de sapiência e ousadia, abre, desmonta, encontra algo que crê ser o problema e ao remontar percebe que sobrou peça. Algumas vezes faz vrum e funciona, em outras, quando esta ação é apenas fruto de sua irresponsabilidade juvenil, faz bum...

É exatamente esta cena que vemos no atual panorama mundial. Estamos vivendo um momento no mundo de desconstrução e reconstrução, característica de uma mudança de período histórico, a contemporaneidade, já chamada de Pós-Modernidade está desconstruindo o que o período Moderno construiu, tirando seus excessos, e buscando reconstruí-lo de uma forma mais minimalista, mais enxuta. E a Educação não poderia estar fora desta dicotomia: desconstrução-reconstrução.

Uma das mais profundas transformações da Pós-Modernidade se pode perceber no que tange a duas grandezas, talvez as principais na atualidade. Tempo e espaço sofreram profundas alterações conceituais provocadas pelo desenvolvimento tecnológico. Se antes a comunicação, para se efetivar, precisava ser por carta, cruzando estradas precárias, muitas vezes em tração animal, o que tomava muito tempo, passado algum tempo, com o advento do avião as mesmas distâncias passaram a ser percorridas, a cada novo modelo de aeronave, em menor tempo, aproximando as distâncias. Com o avanço desta tecnologia, hoje, num simples clicar de botões ela se faz.

O homem pós-moderno não pode mais esperar a informação para o dia seguinte, nas páginas amareladas de periódicos monocromáticos. Antes pelo rádio, depois pela TV e hoje pela Internet, o que acontece em qualquer parte do Universo atinge-o quase que imediatamente, encurtando a distância que o separa do acontecimento. Hoje, não seria mais uma vantagem um telejornal ter em seu slogan a frase que consagrou o Repórter Esso dos idos dos 60 – A testemunha ocular do fato. Quem está linkado neste mundo cibernético também o é.

A Escola Moderna, de origem nos monastérios, permeada de tradicionalismo estrutural e pedagógico não ficou imune à derrubada de seus paradigmas, e, está dando lugar a uma reformulação espaço-tempo-pedagógica, aos moldes pós-modernos. Os focos mudaram, sempre visando uma adequação às práxis sociais vigentes. É nesta direção que, a cada dia mais solidificada, surgiu a Educação a Distância. Modalidade que abrevia tempo e espaço, universalizando a Educação, rompendo fronteiras, democratizando o acesso ao conhecimento que, até então, em alguns rincões deste país-continente não chegava. O homem pós-moderno, proativo, que não pode perder tempo em obter informação, com a EAD, tem ao seu dispor, não só a informação, mas a formação com a qualidade inerente ao seu tempo de dedicação.

Voltando à história do nosso menino cientista, a Educação a Distância desmontou a estrutura tradicional da Educação, e a remontou, excluindo as peças, que por não terem muita funcionalidade, acabavam por facilitar o travamento da engrenagem funcional. A grande diferença daquele menino, é que quem faz a EAD hoje não é inexperiente e curioso, mas um profundo conhecedor da Pedagogia e das teorias do conhecimento. EAD é a tendência pós-moderna em Educação, lugar de quem está antenado com seu tempo.
_______________________________________

Milton JB Sobreiro
Licenciado em Ciências Sociais
Especialista em EAD
Designer Instrucional
Educomunicador
Proefssor na Rede Estadual de São Paulo